Três notebooks, 11 computadores e quatro celulares foram apreendidos pela PF em endereços ligados a Carlos Bolsonaro

Vereador foi alvo de busca e apreensão nesta segunda-feira (29) em investigação sobre suposto uso ilegal da Abin durante o governo do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).

Três notebooks, 11 computadores e quatro celulares foram apreendidos pela PF em endereços ligados a Carlos Bolsonaro
O vereador Carlos Bolsonaro (Republicanos-RJ). Foto: Sergio Lima/AFP.

A operação da Polícia Federal (PF) que investiga o uso ilegal da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) apreendeu três notebooks, 11 computadores e quatro celulares em endereços ligados ao vereador do Rio de Janeiro Carlos Bolsonaro (Republicanos-RJ) nesta segunda (29).

De acordo com fontes ligadas à investigação, na casa em que o vereador estava nesta segunda-feira em Angra dos Reis, foram apreendidos um celular e três notebooks.

Saiba quais foram os itens apreendidos:

  • Casa de Angra dos Reis: um celular e três notebooks;
  • Casa na Barra da Tijuca, no Rio: um computador, dois celulares antigos, dez pendrives, uma caneta espiã, agenda com anotações diversas;
  • Comitê do vereador na cidade do Rio: diversos documentos, documentos de empresas, um computador, diversas mídias.
  • Câmara dos vereadores do Rio: nove computadores no gabinete; um celular, documentos em geral.

Tudo o que foi apreendido pela PF foi lacrado e será enviado para a equipe que conduz as investigações em Brasília.

Os investigadores identificaram que os alvos de busca e apreensão desta segunda ficaram extremamente preocupados com o material apreendido que será periciado no DF.

Segundo eles, há fortes indícios de que informações que teriam sido colhidas ilegalmente -- via espionagem clandestina -- estavam sendo armazenadas em computadores que não eram conectados à internet ou a qualquer rede. Esses equipamentos eram usados exclusivamente para serem alimentados com arquivos do que seria resultado de espionagem da "Abin paralela".

Centenas de informações sensíveis, reunidas sobre alvos os mais diversos, serão analisadas por peritos federais.

Carlos Bolsonaro é filho do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e foi alvo de uma nova fase da investigação da PF no caso da "Abin paralela". A suspeita é de que assessores do vereador, que também são alvo da operação, pediam informações para o ex-diretor da Abin e hoje deputado federal pelo PL do Rio de Janeiro Alexandre Ramagem. Ramagem é próximo da família Bolsonaro.

Foram autorizadas buscas na residência de Carlos Bolsonaro e na Câmara Municipal do Rio de Janeiro. Também há mandados cumpridos em Angra dos Reis, onde os Bolsonaro têm uma casa, Brasília, Formosa (GO) e Salvador.

Carlos Bolsonaro deve ser convidado a depor ainda nesta segunda-feira, mas como é investigado por envolvimento em organização criminosa, tem o direito de depor em até três dias.

Abin paralela

A operação desta segunda (29) é uma continuidade da ocorrida na quinta-feira (25), quando Alexandre Ramagem, ex-diretor da Abin, foi alvo de buscas. Na ocasião, foram apreendidos com eles 6 celulares e 2 notebooks – inclusive um pertencente à Abin.

Os mandados foram expedidos pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moares. Segundo a decisão, Ramagem usou o órgão para fazer espionagem ilegal a favor da família do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).

Entre os alvos estavam autoridades e desafetos, como o ex-presidente da Câmara, Rodrigo Maia –nesta segunda (29), o presidente do Congresso, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), disse ao blog que iria pedir ao STF a lista de parlamentares que foram monitorados pela Abin – e uma promotora do Ministério Público do Rio de Janeiro que investigava milícias (inclusive Adriano da Nóbrega e homenageado por Flávio Bolsonaro, filho do ex-presidente) e as mortes de Marielle Franco e do motorista Anderson Gomes.

O monitoramento também teve como objetivo, segundo a decisão de Moares, favorecer Jair Renan e Flávio em investigações das quais eram alvos. Em entrevista, Flávio negou qualquer favorecimento.

Fonte: G1