Processo de beatificação de Dom Inocêncio López Santamaria chega ao Vaticano
Um dos testemunhos conta que dom Inocêncio chegava a colocar dinheiro em um envelope e pedia alguém para pôr debaixo da porta da família que passava fome.
O processo de beatificação do Servo de Deus dom Inocêncio López Santamaria chegou ao Vaticano. A notícia do avanço do processo veio do postulador-geral da Ordem dos Padres Mercedários, frei Reginaldo Roberto Luiz, nesta sexta-feira (16 de fevereiro). O encerramento da fase diocesana aconteceu no dia 19 de dezembro, na catedral de São Raimundo Nonato.
Superada a fase diocesana, o processo chega a sua fase romana, onde terá continuidade com estudos e análises no Dicastério para a Causa dos Santos. “Com muita alegria, comunicamos que foi entregue o processo de beatificação/canonização do Servo de Deus dom Inocêncio Lopez Santamaria ao Dicastério para as Causas dos Santos. Apresentemos em nosso apostolado este belo exemplo de caridade redentora e cultivemos a devoção entre os fiéis”, afirmou o frei Reginaldo.
A investigação reúne mais de 7 mil páginas com milhares de documentos comprobatórios, laudos, pareceres e testemunhos sobre a vida de dom Inocêncio. De acordo com o bispo de São Raimundo Nonato, dom Ronilton Souza de Araújo, a diocese recebeu com a alegria a notícia de que o processo avançou para a fase romana.
“Uma grande alegria encheu os corações de todos os diocesanos de São Raimundo Nonato. Continuemos rezando para que, o quanto antes, este processo possa avançar ainda mais. Muito em breve teremos a graça e a imensa satisfação de ter Dom Inocêncio como beato . Um grande homem que mereceu o reconhecimento da Igreja pelas suas inúmeras virtudes, pelos seus valores, sendo um modelo e uma referência de santidade para todos nós”, disse Dom Ronilton.
Dom Inocêncio López Santamaria
Filho de família pobre, Inocêncio López Santamaria nasceu no dia 28 de dezembro de 1874, na aldeia de Sotovellanos, província de Burgos, Espanha. Aos 15 anos foi para o seminário da Ordem de Nossa Senhora das Mercês no convento de Poyo, na Galícia.
Foi ordenado padre aos 22 anos. Sua vocação e dedicação se destacaram na igreja que foi designado vigário provincial e superior do convento de Madri. Dom Inocêncio chegou ao alto escalão e foi nomeado mestre geral da Ordem de Nossa Senhora das Mercês. Por 11 anos, ele morou em Roma.
Com a dificuldade de encontrar sacerdote para ocupar o cargo criado em Bom Jesus do Gurgueia, no extremo Sul do Piauí, Inocêncio deixa Madri e com autorização do Papa Pio XI fez uma longa viagem até chegar à região considerada o polígono da seca. No País, ele foi o co-fundador da Congregação das Irmãs Mercedárias Missionárias do Brasil.
Uma característica marcante de dom Inocêncio foi acreditar na superação da pobreza por meio da educação. Acometido com câncer no fígado, morreu em 9 de março de 1958, no Hospital Espanhol de Salvador, na Bahia. Era um bispo tão amado que seu velório durou cinco dias, passando por cidades da Bahia, Pernambuco, até chegar em São Raimundo Nonato. Seu corpo foi sepultado no altar mor da catedral da cidade, no dia 14 de março de 1958.
Dom Inocêncio construiu mais de 28 escolas somente na zona rural de São Raimundo. O bispo tinha uma preocupação muito grande com a educação. Ele trazia professores para dar aula de latim, francês, música para a população pobre e acreditava que a cultura era também uma forma de desenvolvimento. Entre os documentos descobertos pelo Tribunal Eclesiástico estão cartas do bispo encaminhadas às autoridades pedindo ajuda para alimentação das famílias, estradas e água.
Um dos testemunhos conta que dom Inocêncio chegava a colocar dinheiro em um envelope e pedia alguém para pôr debaixo da porta da família que passava fome. Com sua persistência e ajuda financeira de campanhas, foram construídas mais de 700 km de estradas, escolas em áreas rurais, poços, açudes e capelas entre 1931 a 1958.
Fonte: CNBB – Regional Nordeste 4
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